Madeireiros ilegais lucram com créditos de carbono na Amazônia, aponta investigação

Uma investigação internacional da agência Reuters revelou que parte do mercado voluntário de carbono na Amazônia está sendo operado por madeireiros ilegais e fazendeiros já multados por desmatamento. Dos 36 projetos analisados, 24 estão ligados a pessoas ou empresas autuadas pelo Ibama antes mesmo de registrarem iniciativas de conservação florestal. A denúncia levanta dúvidas sobre a integridade de projetos que prometem proteger a floresta em troca da venda de créditos de carbono para empresas globais interessadas em compensar suas emissões de gases de efeito estufa. Em alguns casos, os créditos foram gerados em áreas já desmatadas ou com planos de manejo ambiental questionáveis. Segundo a apuração, há projetos sendo usados como fachada para manter práticas ilegais, sem transparência ou consulta às comunidades locais. Um dos casos mais graves envolve um empresário preso em 2024 por extração ilegal de madeira que continuou operando esquemas de crédito de carbono mesmo sob investigação. O mercado voluntário de carbono tem movimentado bilhões de dólares nos últimos anos, mas sem regras claras, pode acabar reforçando o chamado “greenwashing” — quando ações vendidas como sustentáveis, na prática, têm pouco ou nenhum impacto ambiental.

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Diante desse cenário, o governo federal anunciou avanços no processo de regulamentação do mercado brasileiro de carbono. A Lei que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) foi sancionada no final de 2024, e o Ministério da Fazenda prometeu lançar ainda em julho de 2025 o plano de implementação do sistema. O governo também deverá criar um órgão gestor provisório para conduzir a fase inicial do mercado regulado, definindo regras de rastreabilidade, certificação e transparência para os créditos de carbono. A expectativa é que o novo marco traga segurança jurídica e controle mais rigoroso sobre quem pode emitir e negociar créditos no país. A discussão é estratégica, especialmente às vésperas da COP30, que será realizada em novembro em Belém (PA). O Brasil quer se consolidar como protagonista no mercado global de créditos de carbono — mas para isso, precisa garantir que a floresta não seja usada duas vezes: uma para o desmatamento, outra para a falsa compensação.

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