Com a chegada do inverno e das baixas temperaturas, as queixas de dores na coluna se tornam mais frequentes nos consultórios médicos. Apesar de parecer uma invenção, o frio realmente pode piorar as dores no corpo. De acordo com um estudo realizado pela Harvard Medical School cerca de 67% das pessoas entrevistadas sentem mais dores quando ocorre alguma mudança brusca na temperatura. Mas, a dúvida é: por qual motivo as dores na coluna aumentam de forma tão intensa nessa época do ano?
Para Mateus Tomaz Augusto, neurocirurgião e especialista em cirurgia minimamente invasiva da coluna, nos meses mais frios o corpo entra em modo de defesa. “O frio promove uma rigidez maior das articulações, o que reduz a mobilidade e contribui para o agravamento da dor. Além disso, baixas temperaturas favorecem o surgimento de contraturas musculares reflexas, que são contrações involuntárias causadas pela tentativa do corpo de se aquecer, aumentando os episódios de dor na coluna”, revela.
Ainda, devido ao clima difícil, muitas pessoas reduzem a prática de atividades físicas, o que pode gerar descondicionamento muscular e piora dos sintomas. “Dentre as queixas mais comuns em consultório estão a rigidez articular matinal, principalmente na coluna lombar e cervical; a dificuldade para levantar da cama ou de uma cadeira já que a pessoa fica com a sensação de ‘corpo travado’; dores difusas especialmente após longos períodos de inatividade e, em muitos casos, uma sensação de piora nas dores crônicas já existentes, como as relacionadas a artrose, hérnias de disco ou estenose do canal lombar”, detalha o médico.
Medicina regenerativa da coluna promove qualidade de vida
Para aliviar as dores da coluna existe uma ampla gama de tratamentos como a Medicina Regenerativa da Coluna. “Essa área vem ganhando destaque por permitir tratamentos menos invasivos e com foco na regeneração dos tecidos lesionados. Ela se baseia no uso de substâncias biológicas, como o PRP (plasma rico em plaquetas) ou o BMA (aspirado de medula óssea), que são aplicados diretamente em estruturas como articulações facetárias ou discos intervertebrais”, revela. Essas substâncias estimulam a regeneração, reduzem inflamações locais e promovem alívio da dor.
Um dos maiores medos dos pacientes com dor na coluna é a cirurgia, procedimento que está cada vez mais menos invasivo. “Hoje, dispomos de técnicas altamente modernas que tornam a cirurgia da coluna mais segura. Um exemplo é a cirurgia endoscópica da coluna. Essa técnica reduz o sangramento cirúrgico, causando menos dor no pós-operatório que permite o retorno precoce ao trabalho e às atividades do dia a dia”, pontua.
Para o especialista, as dores na coluna continuam sendo a principal queixa e nem sempre estão relacionadas somente às hérnias de disco. “Muitas vezes, as causas envolvem contraturas musculares, artrose facetária, estenose de canal lombar ou mesmo ‘bicos de papagaio’ (osteófitos). Quando o quadro é considerado grave – com sinais de comprometimento neurológico como perda de força ou alterações na sensibilidade – pode haver indicação cirúrgica imediata. Nesses casos, o mais importante é ter um diagnóstico claro, feito com exame físico e exames de imagem, para indicar o melhor tratamento possível”.
Outro ponto que merece atenção é o problema postural, que pode sim ocasionar lesões. “Manter uma posição inadequada por horas, como no uso do celular ou computador, pode gerar contraturas musculares, estiramentos de ligamentos, sobrecarga mecânica e, com o tempo, levar a quadros mais complexos como protusões discais e desequilíbrios posturais”, completa. Por isso, investir em educação postural e fortalecimento muscular é essencial para manter a saúde da coluna”, finaliza.