O presidente do Paraguai, Santiago Peña, afirmou nesta quinta-feira (3) que consolidou, junto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o compromisso de alcançar “um acordo justo e equilibrado” na revisão do Anexo C do Tratado sobre a usina hidrelétrica binacional de Itaipu, em reunião realizada antes da cúpula de chefes de Estado do Mercosul em Buenos Aires. Além disso, segundo publicou em sua conta na rede social X, Peña solicitou “plena disposição” das autoridades brasileiras para esclarecer as denúncias de espionagem por parte do Brasil a funcionários paraguaios sobre o tema das tarifas de Itaipu.
“Tivemos uma conversa franca e produtiva sobre os temas centrais da agenda que une Paraguai e Brasil”, afirmou Peña. Da mesma forma, o presidente paraguaio disse que conversou com Lula sobre o projeto do corredor Bioceânico – que pretende unir por terra o sul do Brasil, o Chaco paraguaio e as províncias argentinas de Salta e Jujuy com os portos chilenos de Antofagasta, Mejillones e Iquique – “e o enorme potencial que tem para transformar a logística e a economia” da região.
“Também conversamos sobre o processo de revisão do Anexo C de Itaipu, reafirmando o compromisso de construir um acordo justo e equilibrado para ambos os povos”, acrescentou Peña, em alusão ao parágrafo que estabelece as bases financeiras e de prestação de serviços de eletricidade da hidrelétrica. Esse anexo obriga o Paraguai a vender ao Brasil o excedente de sua cota de energia produzida em Itaipu a preços preferenciais.
Peña ressaltou que, “como convém entre países irmãos”, expressou sua “preocupação com o caso de espionagem” e solicitou “a plena disposição das autoridades brasileiras para o esclarecimento dos fatos”. “O respeito e o diálogo são condições básicas para fortalecer a confiança e avançar juntos rumo a um futuro compartilhado”, completou. Em março, o governo Lula admitiu que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) realizou uma operação de espionagem contra o Paraguai em 2022, sob a gestão do presidente Jair Bolsonaro, e esclareceu que encerrou a operação.
A denúncia relaciona a espionagem com a posição das autoridades paraguaias sobre as tarifas. Em 2024, os dois países concordaram em aumentar as tarifas pagas pelo Brasil relacionadas a Itaipu para os próximos três anos para US$ 19,28 por quilowatt-hora, cerca de US$ 2,50 a mais.
*Com informações da EFE